A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), em parceria com o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e o Observatório do Estado Social Brasileiro, está convidando os sindicatos de todo o país a assinarem o texto de abertura do livro Atlas Comentado da Escala 6X1 no Brasil. A publicação é resultado de uma ampla pesquisa realizada com mais de 4.000 trabalhadores em 394 municípios brasileiros, revelando os impactos sociais, físicos e emocionais do regime de trabalho 6X1 na vida da classe trabalhadora.

Com o título “Não temos nada a perder, a não ser nossas correntes”, o texto de abertura traz uma análise crítica do tempo de trabalho como eixo histórico da luta entre capital e trabalho, denunciando a lógica extenuante do 6X1 e defendendo a redução da jornada como pauta estratégica e urgente. O texto será assinado por um representante de cada entidade sindical que apoia essa bandeira e queira estar presente na obra como parte dessa construção coletiva. As assinaturas devem ser enviadas até segunda-feira, 2 de junho.

Até o momento, já confirmaram presença na abertura da publicação: Adilson Araújo, presidente da CTB; Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro; Eusébio Luís Neto, presidente da FENEPOSPETRO; Vítor Duque, presidente do SINTSAMA-RJ; Maria Aparecida Evaristo, diretora do SINPOSPETRO-RJ; Telmo de Oliveira, diretor do SINDCONIR; Marco Aurélio Ribeiro, diretor do Sindicato dos Comerciários de Resende; e Ezequiel Siqueira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Magé. A iniciativa está aberta a todas as entidades que reconhecem a urgência da pauta e desejam fortalecer esse movimento nacional.

A pesquisa que baseia o livro revela que 27% dos trabalhadores entrevistados apresentaram atestados médicos no último mês, 21% relataram atrasos ao trabalho e 33% gastam mais de uma hora e meia no deslocamento diário, sendo que muitos percorrem mais de 30 quilômetros só para chegar ao local de trabalho. A exaustão começa no trajeto e se prolonga por uma jornada que compromete a saúde mental, o convívio familiar e o direito ao lazer.

O estudo mostra ainda que a escala 6X1 afeta de forma desproporcional jovens de 18 a 24 anos, trabalhadores negros, periféricos e, em especial, mulheres negras, como é o caso das operadoras de caixa nos supermercados e call centers — 89,7% das quais são pretas. A publicação denuncia que o 6X1, mais do que uma jornada longa, é um mecanismo estrutural de roubo de tempo de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, resultando em adoecimento e negação de direitos.

Assinar o texto de abertura do Atlas Comentado da Escala 6X1 no Brasil é participar de uma articulação que ultrapassa os muros das categorias e dos sindicatos. É defender a vida, a dignidade e o tempo livre como direito humano. É fortalecer a luta por uma jornada de 36 horas semanais sem redução salarial e ampliar o debate público sobre as possibilidades de um futuro mais justo, com qualidade de vida e valorização do trabalho.

Os sindicatos interessados devem enviar o nome completo do representante, o nome da entidade e o cargo que ocupa. A publicação será lançada em breve com ampla divulgação nacional. A CTB e os sindicatos envolvidos reforçam: esta é uma oportunidade histórica de marcar posição em defesa de uma das principais lutas da classe trabalhadora no século XXI.

Fonte: CTB