Imagine que um funcionário trabalha cerca de 5,8 horas diárias durante cinco dias por semana e ganhe em média R$ 17.155 por mês.

Parece mentira? De acordo com dados mais recentes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), na Holanda isso é praxe. Por lá, a média de trabalho é 5,8 horas por dia – ou 29,2 horas por semana.

O país ficou em primeiro lugar no ranking com as menores jornadas semanais de trabalho. Em seguida, vem a Dinamarca com 32,4 horas de trabalho por semana e média salarial de R$ 21.488 por mês.

No Brasil, esse tipo de jornada reduzida e com remuneração nessa linha é algo bem distante da realidade. Por aqui, a jornada padrão é de 40 horas semanais com um salário médio de R$ 1.298 por mês, segundo os dados do IBGE.

A jornada de trabalho reduzida é defendida por empresas e alguns estudos já comprovam que trabalhar menos aumenta a produtividade do profissional.

Uma empresa de serviços fiduciários sediada em Auckland, na Nova Zelândia, fez um experimento e por dois meses adotou uma jornada menor: 8 horas diárias por 4 dias na semana.

O site NZ Herald publicou os resultados e mostrou que 78% dos funcionários disseram ter tido mais sucesso no equilíbrio cotidiano, melhora de 25% no percentual. Além disso, houve redução de 7% no nível geral de estresse sem prejuízo da produtividade e a diminuição de horas não impactou no resultado financeiro do período.

Por outro lado, algumas personalidades chamaram atenção por defenderem jornadas bem maiores. Jack Ma, fundador do e-commerce Alibaba, se manifestou recentemente sobre o assunto a favor de uma jornada de trabalho conhecida como “996” – ou seja, trabalhar das 9h às 21h, seis dias por semana.

Na China, essa prática é bem comum em empresas de tecnologia. A declaração do executivo gerou uma série de polêmicas e críticas.

Elon Musk, CEO da Tesla, também se posicionou de forma semelhante em seu Twitter afirmando que “ninguém mudou o mundo trabalhando 40 horas por semana”, e acrescentou que ele próprio mantinha uma rotina de trabalho de 80 horas semanais.

No entanto, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) recomenda como padrão 40 horas semanais de trabalho – bem como no Brasil, que está em 29° no ranking da OCDE, e em diversos outros países.

A primeira vez que a quantidade de horas trabalhadas veio à tona foi em 1919, na primeira reunião da OIT, que estipulou 48 horas semanais. Em 1935, a organização diminuiu para 40 horas.

Além disso, a OIT afirma que 50 horas por semana é o limite máximo de trabalho saudável, segundo um estudo que divulgou intitulado “Duração do Trabalho em Todo o Mundo”.

Depois desse período, o trabalho se torna insalubre. “O limite de 40 horas, no entanto, não tem sido visto apenas como um estímulo para a geração de empregos, mas tem sido reconhecido como contribuição para um conjunto maior de objetivos, inclusive, em anos recentes, o aprimoramento do equilíbrio trabalho-vida”, diz o estudo.

Confira os países com as menores jornadas de trabalho e seus respectivos rendimentos médios:

País Horas trabalhadas por semana (2017) Horas trabalhadas por ano (2017)* Salário anual médio (2017)* Salário mensal médio (2017)  
1°Holanda 29,2 horas 1.433 horas R$ 205.863,00 R$ 17.155,00  
2°Dinamarca 32,4 horas 1.408 horas R$ 257.850,00 R$ 21.488,00  
3°Alemanha 34,4 horas 1.356 horas R$ 173.680,00 R$ 14.473,00  
4°Suíça 34,4 horas 1.570 horas R$ 333.660,00 R$ 27.800,00  
5°Irlanda 34,9 horas 1.738 horas R$ 207.450,00 R$ 17.287,00  
6°Áustria 35,5 horas 1.511 horas R$ 188.356,00 R$ 15.696,00  
7° Itália 35,6 horas 1.723 horas R$ 128.630,00 R$ 10.719,00  
8° Austrália 35,7 horas 1.676 horas R$ 224.054,00 R$ 18.671,00  
9° Suécia 35,9 horas 1.474 horas R$ 171.181,00 R$ 14.265,00  
10° França 36,1 horas 1.526 horas R$ 165.650,00 R$ 13.804,00  
29° Brasil 40 horas 1920 horas R$ 15.216,00 R$ 1.298,00 **
           
*Dados da OCDE 2017         
**Dado IBGE