“As centrais não vão voltar a falar da jornada de trabalho? Pelo amor de Deus! Tem que pautar a jornada de trabalho. É evidente que tem de pautar e tem que dialogar com o Parlamento porque é o espaço para fazer uma concertação entre trabalhadores e empresários”.
A pergunta e o apelo foram formulados pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, durante entrevista ao Canal do Barão, mantido por jornalistas associados ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
O ministro ponderou que o governo pode estimular o debate, mas não tem condições de liderar a luta pela redução da jornada de trabalho até mesmo porque não há consenso na base que o Palácio do Planalto está construindo no Congresso Nacional sobre a questão.
“Eu, pessoalmente, sou favorável à redução da jornada. Acho que a economia suportaria muito bem a jornada de 40 horas semanais. Não sei se tem espaço no Congresso Nacional para reduzir imediatamente a jornada, mas as centrais sindicais têm de lutar, têm de propor, dialogar com o Parlamento. É hora de fazer este debate, eu confesso que estou ansioso para que isto ocorra”, conclamou Marinho.
Momento inusitado
A cobrança do ministro revela uma perplexidade compreensível na atual conjuntura, onde se nota um fenômeno inusitado: o debate sobre a redução da jornada de trabalho está na ordem do dia em todo o mundo, mas não por iniciativa dos representantes da classe trabalhadora.
O movimento pela implantação da Semana de 4 dias, que ganha corpo e força em vários países, inclusive no Brasil, é liderado por um grupo de empresários progressistas, que criaram o Programa 4 Day Week Global.
Apesar da relevância e urgência do tema diante do cenário de precarização das relações trabalhistas e do clima político favorável criado pelo governo Lula e o ministro do Trabalho, partidários da redução da jornada, a luta pela redução da jornada não é uma prioridade dos sindicalistas.