Reino Unido, Islândia e Japão estão entre os países que realizaram planos pilotos com o novo formato de jornada
O debate sobre a semana de trabalho de 4 dias serviu de base para uma nova pesquisa realizada pela Empregos.com.br, plataforma de anúncios de vagas, obtido com exclusividade pelo Valor. Segundo o estudo, que ouviu 2.552 pessoas em agosto de 2022, trabalhar quatro dias e folgar três é o desejo de 81% dos profissionais brasileiros. Outros 13% ainda têm dúvidas em relação ao modelo de trabalho e 6% acreditam que a semana de 4 dias não funciona.
Mesmo que o assunto seja novidade no mercado brasileiro, a modalidade já foi testada em outros países. Entre 2015 e 2019, a Islândia reduziu a jornada semanal para 35 horas em quatro dias úteis para 2,5 mil funcionários. O resultado mostrou empregados mais produtivos, engajados e motivados.
O Reino Unido está testando, atualmente, a semana de 4 dias de trabalho – no maior experimento do tipo que já se fez no mundo. São 70 empresas envolvidas, e 3,3 mil funcionários. O teste de seis meses começou em junho e visa entender como fica a produtividade dos empregados.
Já existe, inclusive, o movimento 4 Day Week Global, que defende que a semana mais curta melhora a qualidade de vida e desempenho do trabalhador, uma vez que ele está mais descansado e consegue focar melhor nas suas atividades. No Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, este ano, especialistas discutiram os benefícios de uma semana de trabalho de quatro dias, destacando como pode ajudar a reter talentos e levar a uma maior produtividade.
Mas no Brasil as empresas parecem resistir à iniciativa. Apenas 4,9% das empresas são a favor da jornada reduzida, segundo o levantamento da Empregos.com.br, enquanto 25% se posicionam contra e 71,1% ainda não têm um posicionamento definido sobre o tema. Foram ouvidas 251 empresas cadastradas na base da Empregos.com.br.
Dessas, 76% trabalham atualmente de forma presencial, 5,3% no formato híbrido e 4,6% em home office. 82,5% exercem a jornada de trabalho prevista na CLT, 15,6% possuem políticas de horários flexíveis e 1,9% realizam o short-friday – benefício que consiste em oferecer aos funcionários a possibilidade de sair mais cedo às sextas-feiras.
Vale ressaltar que a redução na jornada de trabalho não prevê cortes nos salários dos funcionários. Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho, o valor só pode ser reduzido em casos de acordos coletivos.