Disponível no Youtube, o filme Os companheiros, é um clássico do cinema que merece e deve ser assistido, e admirado, pelos que militam por justiça social e contra a exploração do homem pelo homem.

Dirigido por Mario Monicelli e contando com o talento do ator Marcello Mastroianni no elenco, a película conta a história de uma dramática greve pela redução da jornada de trabalho em uma fábrica têxtil localizada em Turim, na Itália.

Os operários eram forçados a trabalhar 14 horas por dia num ambiente insalubre e o resultado não podia ser outro senão um elevado índice de acidentes, com o detalhe de que eram despojados de direitos e constrangidos a arrecadar entre os próprios companheiros o dinheiro necessário para o tratamento das vítimas e a sustentação de suas famílias. 

As condições opressivas a que estavam sujeitos e a sinistra frequência dos acidentes produziu uma crescente inquietação e revolta entre os trabalhadores e trabalhadoras da fábrica, que espontaneamente começaram a se organizar e debater uma resposta.

O movimento espontâneo dos operários foi complementado pela ação e liderança consciente de um professor, interpretado de forma magistral por Marcelo Mastroianni, o ator preferido do mestre Felini que também contracenou com a atriz brasileira Sônia Braga no filme Gabriela, Cravo e Canela, de 1983, dirigido por Bruno Barreto.

Os companheiros retrata as dificuldades vividas pelos operários e uma verdade histórica recorrente: a redução da jornada de trabalho só se efetiva como resultado de uma luta de classes multissecular, dada a intransigente posição dos capitalistas contra a diminuição do tempo de trabalho.

Outros temas são abordados ou sugeridos pela obra, como as formas de organização da classe trabalhadora, a relação entre o movimento espontâneo e a consciência de classes, a propriedade sobre os meios de produção e a possibilidade de uma revolução proletária. 

A reivindicação dos operários era bem modesta: uma redução de apenas 1 hora na jornada diária de trabalho, que no caso passaria de 14 para 13 horas diárias. 

A diminuição do tempo de trabalho não foi conquistada naquele momento pelos grevistas, tendo prevalecido a intransigência patronal.

Isto não significa que a luta foi em vão, como também não foi em vão o sangue dos Mártires de Chicago, que inspirou o 1º de Maio.

Ao longo do século 20 a limitação da jornada de trabalho a 8 horas diárias tornou-se uma realidade mundial.

O tema continua atualíssimo e o antagonismo entre capital e trabalho não mudou substancialmente, conforme podemos inferir da luta da classe trabalhadora brasileira pelo fim da desumana e arcaica escala 6x1 no Brasil, contra a qual os capitalistas empreendem uma campanha recheada de argumentos terroristas (e falsos).    

Os Companheiros
Itália, 1963
Direção: Mario Monicelli
Elenco: Marcello Mastroianni, Annie Girardot, Renato Salvatori, Bernard Blier, Folco Lulli
Palavras-chave: exploração, luta de classe, proletarização, sindicalismo