Por Jan Varela*

O 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, segue sendo um símbolo de resistência e luta por condições dignas de vida e trabalho. Em 2025, o debate sobre a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e o enfrentamento à escala 6x1 voltam com força, como resposta a um modelo de produção que impõe longas jornadas, sacrifica o convívio familiar e adoece os corpos e mentes dos trabalhadores brasileiros.

A escala 6x1, ainda amplamente praticada, limita o direito ao descanso e ao lazer, desumanizando as relações de trabalho. A redução da jornada representa, portanto, mais do que um avanço trabalhista — é uma reivindicação de dignidade e um compromisso com os Direitos Humanos. O direito ao tempo livre, à saúde e à convivência social é garantido em tratados internacionais e deve ser central nas pautas sindicais e populares.

Nesse cenário, os movimentos de direitos humanos têm um papel estratégico: articular a luta por tempo e dignidade ao campo da justiça social. Defender jornadas mais curtas, descanso remunerado e reconhecimento de vínculos é defender o direito à vida plena. É nesse cruzamento entre direitos civis e trabalhistas que se constrói uma sociedade mais justa.

Mas essa construção está sob ataque. Em abril de 2025, o STF manteve suspensos todos os processos na Justiça do Trabalho que discutem a pejotização — prática que mascara vínculos empregatícios por meio da contratação de pessoas jurídicas. Essa decisão atinge diretamente milhares de trabalhadores precarizados que buscam reconhecimento de direitos básicos.

A suspensão paralisa a atuação da Justiça do Trabalho e enfraquece a proteção social. Em nome da “segurança jurídica”, congela o debate sobre uma das formas mais perversas de fraude trabalhista, num país onde a informalidade e a terceirização já avançam sem controle.

 Neste 1º de Maio, reafirmamos: trabalhar menos, com direitos garantidos, é um direito humano. É urgente mobilizar sindicatos, movimentos populares e defensores de direitos humanos para pressionar o Judiciário e o Legislativo.

 Reduzir a jornada, combater a pejotização e fortalecer a Justiça do Trabalho é lutar por uma democracia que respeite o tempo e a dignidade de quem trabalha.

 *Jornalista, advogado, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e Cidadania – COEDCHUCI-RN, membro da ADJC Potiguar.