Empresas adotam iniciativas que colaboram com a qualidade de vida e a saúde mental e física de seus funcionários.

Preocupadas com a qualidade de vida, com a saúde mental e física de seus colaboradores, empresas de Rio Preto e região têm investido em iniciativas que melhoram as condições de trabalho e que resultam numa maior produtividade e engajamento das equipes.

Não é de hoje que esse tipo de ação integra a cultura de organizações bem-sucedidas, mas de um tempo para cá, o que era impensável, como a redução de jornada sem mexer na remuneração, ou levar o pet ao trabalho, já se tornou realidade em algumas corporações.

Quem sai ganhando quando a empresa decide fortalecer sua cultura, focando em valores humanos, que vão muito além do cumprimento de metas, são os dois lados dessa relação: a empresa, que observa mais resultado, produtividade, menos faltas; e os trabalhadores, que passam a ter mais tempo para si e benefícios emocionais.

Para a psicóloga organizacional e do trabalho Juliana Ferrari, ações desse tipo precisam ir muito além de uma modinha e serem implementadas apenas pontualmente. São questões que precisam fazer parte da cultura da empresa, serem reais, terem vínculos com a liderança para quem possam, de fato, ser adotadas pelas equipes. “Não basta ter um pufe colorido ou colocar redução de jornada que não vai ter doença de saúde mental no trabalho, como burnout – a síndrome do esgotamento profissional. O Brasil é campeão mundial em transtorno de ansiedade”, afirma.

Para que haja resultados efetivos, é preciso implementar uma cultura organizacional forte, com uma gestão de sentido, em que os valores essenciais são aceitos e compartilhados. “A comunicação precisa ser transparente e clara, permeada na ética e em valores humanos. A consequência quando se faz um trabalho desse são melhores resultados”, diz.

Uma prática que tem se tornando comum no exterior – a semana de trabalho reduzida – começou a ser testada em Rio Preto e é um exemplo dessas iniciativas. Especializada em contabilidade para médicos, a Rissi Contabilidade Médica decidiu implementar o modelo de redução de jornada para os funcionários. Há três meses, 40 pessoas estão trabalhando nesse modelo.

A mudança começou em junho, logo após o fim do período de declarações do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2022. Os colaboradores do setor contábil passaram a folgar um dia a mais na semana, trabalhando no regime quatro por três, sem alteração salarial. Outro departamento que já aderiu à novidade foi o de relacionamento com o cliente. Segundo a empresa, o resultado até agora foi um melhor engajamento da equipe, mais produtividade, mais ânimo e menos faltas.

Com cerca de 170 colaboradores, a empresa já está estudando expandir a redução de jornada para toda a equipe. Segundo o gestor de Recursos Humanos Jancler Pantaleão, ao saber sobre a existência do projeto fora do Brasil, a ideia foi colocá-lo em prática e vivenciar a experiência. “Ficamos bem curiosos para saber como seria na prática e se realmente poderia trazer benefícios para o colaborador e para a empresa”, disse.

No Reino Unido, por exemplo, 73 empresas estão participando do projeto de redução de jornada. Iniciado há três meses, deve durar mais três. Por lá, os dados mostram melhora ou manutenção da produtividade e que ao menos 41 empresas devem manter a semana de trabalho mais curta depois do fim oficial do projeto.

Quem pensa que a medida possa ter sido mal vista – já que ainda não contempla a todos – se engana. “Toda a equipe está na torcida para que o projeto ganhe força e passe a ser para todos”, disse. Mas, antes disso, é necessária uma reestruturação nas demandas das atividades das áreas envolvidas”.

Dia do pet na empresa e aula de ginástica


A Shift, empresa de Tecnologia da Informação para medicina diagnóstica e preventiva, está abrindo suas portas para os melhores amigos dos colaboradores. Realizada em caráter experimental, a iniciativa foi um sucesso e agora, levar os pets toda quinta-feira para o escritório faz parte da rotina.

Devem frequentar o pet day entre 10 e 15 pets por semana, mas há regras: os pets precisam ser amigáveis e obedientes ao seu tutor, além de estar com as vacinas em dia. As necessidades só são permitidas nos tapetes higiênicos ou áreas externas.

 

Paula Zolini levou o cachorro para o escritório, na Shift (Divulgação/Ferdinando Ramos/Plus Images)

Paula Zolini levou o cachorro para o escritório, na Shift (Divulgação/Ferdinando Ramos/Plus Images)

Cristina Bertolino, diretora de Governança e DO, diz que os pets são um excelente meio de contribuir para melhorias do clima organizacional. “Durante as edições já realizadas houve a descompressão do clima e alívio do stress, além de uma maior interação entre colaboradores e mais oportunidades de socialização. O pet day colabora com o clima e tem incentivado a presença dos colaboradores no escritório”.

A analista de marketing Paula Zolini é apaixonada por cachorros. Seus cães Benjamin e Afonso já bateram ponto no escritório e devem fazê-lo sempre. “Poder ter a companhia deles na empresa é uma experiência incrível. É puro amor! Notei que as pessoas sorriem e se comunicam mais. Outra coisa legal foi ver pessoas mostrando um lado que não estávamos habituados a ver no trabalho, sendo elas mesmas”, diz.

A Emais Urbanismo também adota iniciativas voltadas ao bem-estar da equipe. De acordo com a coordenadora de Gente da Emais, Mariane Bastos Lopes, incentivar a melhora na qualidade de vida dos colaboradores é um tema discutido e inserido no planejamento todos os anos. A empresa implementa ações como um dia de folga no mês de aniversário, eventos esportivos, acompanhamento nutricional, palestras e encontros. “Essas iniciativas geram maior engajamento e assim eles se sentem mais seguros, produtivos e motivados”.

O que vai fazer parte da rotina da equipe em breve é a ginástica laboral, que será realizada de uma a duas vezes por semana, ao vivo, isso para atender quem está no escritório e quem está de home office.

Atualmente, são 250 pessoas no quadro de funcionários: 50% presencial, 20% em formato home e 30% no formato híbrido. “O motivo da inclusão das aulas foi pensando em maximizar as ações relacionadas à saúde dos colaboradores. Nas aulas, serão utilizadas técnicas de respiração, alongamento e correção de postura para evitar doenças ocupacionais e o surgimento de dores e lesões”, disse. (LM)