A jornada de trabalho 6x1, que implica em trabalhar por seis dias consecutivos e folgar um, é uma realidade para milhões de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Essa escala tem impactos negativos sobre a saúde física e mental dos assalariados. 

Este artigo, produzido com a colaboração de Inteligência Artificial, tem o propósito de investigar como as longas horas de trabalho e o estresse se relacionam com o fenômeno do burnout.

Abrangência da escala 6x1

No Brasil, estima-se que cerca de 30% dos trabalhadores e trabalhadoras são submetidos à escala 6x1, especialmente no comércio, turismo, construção civil e serviços de saúde. 

Esses ramos da economia não apenas demandam operações contínuas, mas também enfrentam alta rotatividade, o que contribui para a adoção dessa carga horária. Por exemplo, o setor de turismo, que frequentemente opera nos finais de semana e feriados, direciona muitos de seus profissionais para essa rotina exaustiva.

Faixa etária

A maioria dos trabalhadores submetidos ao regime 6x1, com apenas um dia de folga por semana, possui entre 18 e 45 anos, com uma concentração maior entre os 25 e 35 anos. 

Em termos salariais, muitos desses trabalhadores recebem um salário mínimo ou pouco mais do que isto, o que os torna mais suscetíveis a aceitar essas condições de trabalho, mesmo com os desafios relacionados à saúde. 

Ou seja, a jornada é longa e o salário curto. A falta de oportunidades em setores menos estressantes pode ser outro fator que leva à aceitação dessa jornada.

Preocupações e desafios dos trabalhadores

Os trabalhadores que atuam sob a jornada 6x1 enfrentam diversas preocupações relacionadas à saúde e segurança. 

Os efeitos deletérios de longas jornadas para a saúde são amplamente documentados e incluem problemas como fadiga crônica, insônia, problemas digestivos e doenças cardiovasculares. 

]O estresse é uma constante, muitas vezes exacerbado pela pressão para performar e atender a demandas constantes. A conexão entre esse regime de trabalho e o burnout é particularmente alarmante; estudos indicam que trabalhadores em jornadas extensas possuem uma maior predisposição a desenvolver sintomas psiquiátricos.

A natureza imprevisível dos horários de trabalho, tipicamente ausente de um padrão fixo, também contribui para a ansiedade e desregulação emocional, dificultando a manutenção de uma vida social e familiar saudável.

Longas horas de trabalho e estresse

As longas horas de trabalho associadas ao cronograma 6x1 têm um impacto significativo nos níveis de estresse dos trabalhadores. Com frequência, esses indivíduos se veem obrigados a equilibrar responsabilidades pessoais e profissionais, resultando em uma diminuição da qualidade de vida. 

A pressão por produtividade e o medo de perder o emprego podem levar a uma sobrecarga emocional imensa, contribuindo para um estado crônico de estresse.

Pesquisas sugerem que, além da carga horária, o tipo de trabalho realizado e as condições ambientais (como empatia e suporte de colegas e supervisores) influenciam diretamente no bem-estar dos trabalhadores, revelando a necessidade de intervenções que promovam ambientes de trabalho saudáveis.

Burnout

O burnout, uma síndrome caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e uma sensação de diminuição da realização pessoal, encontra um terreno fértil nas jornadas 6x1. Estudos indicam que as pressões contínuas e a falta de descanso adequados são fatores determinantes para o desenvolvimento dessa condição.

De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% das pessoas ocupadas no Brasil sofrem com a síndrome de burnout.

A relação entre a programação 6x1 e o burnout é complexa, mas inequívoca. Sem estratégias adequadas de gerenciamento de estresse e apoio organizacional, os trabalhadores se tornam vulneráveis, o que pode resultar em absenteísmo, comprometimento da saúde mental e da produtividade.

A jornada de trabalho 6x1 é uma realidade que afeta uma parcela significativa da força de trabalho brasileira. Embora ofereça flexibilidade em algumas situações, suas implicações sobre a saúde e o bem-estar dos trabalhadores são alarmantes. 

A experiência internacional indica que promover ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis deve ser uma prioridade não só para garantir a saúde dos trabalhadores como também para promover a produtividade do trabalho e a eficiência das empresas.

Enquanto o Brasil debate o fim da escala 6x1, objetivo que se defronta com a forte oposição patronal, em muitos países do mundo já está sendo implantada a Semana de Trabalho de 4 Dias, coma  redução da carga horária a 32 horas semanais e a adoção de três dias de folga por semana sem redução dos salários.